quarta-feira, 21 de abril de 2010

23:10 Chaves para a porta errada


Ela saiu de casa batendo a porta atras de si, cabelos de fogo dessarumados como nunca os vira antes, cheios de nos e pontas quebradas, maquiagem por fazer a nao ser aquele pequeno detalhe dos seus labios estarem vermelhos como uma gota de sangue numa tela branca de cristal.
A sua boca nao mostrava os seus dentes amarelos de tanto fumar, mas sim tinha um sorriso destorcido de loucura, de dor e desejo, desejo do que, nao me perguntem, porque nao sei!
O casaco preto fechado com botoes de ferro, no na borda logo depois dos seus joelhos a muito nao vistos um tecido branco de renda, que contrastava com aquelas meias grossas de la para protege-la do frio do Inverno, ou quem sabe o calor do Verao a muito esperado.
No fim daquelas pernas que eu um dia conheci os sapatos de 10 cm que a fazia 1.70 invez dos seus meros 1.60, desabotoados, como ela conseguia andar tao graciosamente e uma das tantas perguntas que sempre ficaram sem resposta. Ela continuo a andar, com passo apressado, cabelo ao vento, no chao atras dela so ficavam as lagrimas que ela derramava, e foi nesse momento que eu parei de espreitar na minha janela, e deixei de ser o vizinho que ela comprimentava com um sorriso e um abanar de cabeca. Calcei os meus sapatos, pus o meu casaco, peguei as chaves, bati a porta depois de sair olhei para a janela onde ele bebia a cerveja de sempre, aquele nojento, nem correu atras dela, nem piscou os olhos, gritou como a muito ja e habito e deixou-a ir, com a certeza que ela voltaria. Hoje vai ser diferente, porque hoje eu vou encontra-la. Neste frio ela nao esta a vista, olho ate ao fim da rua, mas nem sinal de vida, o coracao bate com mais frequencia, pum pum pum, ando com pressa sem saber onde devo ir, mas algo me diz que tenho que a encontrar agora, nem um segundo mais tarde. Ela esta sentada a beira da ponta a olhar para a agua com a certeza que para aquela casa que acabou de deixar para tras e aquele homem nao volta. Ouviu um som distantes de passos, e deixou-se ficar ali, quando uma mao agarra-a, levanta-a com uma forca e cuidado desnecessario, deixa as suas pernas a tremerem sem direcao, e encara quem a ataca, com um certo despudor. Sem me aguentar agarrei o seu rosto e beijei os seus labios de sangue, e ela nao protestou, alias incitou, mas eu sei que ela so o faz por vinganca. Limpei todas as lagrimas do seu rosto com os meus labios.

Nao me perguntes o que sera de mim, dela, nem do quem sabe nos. Foi so um beijo, um de paixao, vinganca, desejo, solidao.

Marco

1 comentário:

  1. Lindo! Me identifico muito com essas situacao, ue ja fiz isso algumas vezes na vida. Bati e porta e nao queria nunca mais volta.
    Bjs

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